quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Meu pitaco sobre o Cantigas de Roda, novo álbum do Raimundos.


Há mais de 10 anos não se vê uma produção roqueira de verdade no Brasil. Isso se deve ao falso término do Raimundos, porque na verdade o Raimundos nunca acabou! Graças ao único integrante da formação original que nunca se ausentou da labuta, Digão. Em 2007 Canisso retornou à banda e tivemos a entrada nas guitarras de Marquim e na bateria de Caio Cunha. Eis que temos o novo Raimundos. E na semana pasada tivemos o fruto dessa nova formação, enfim o Cantigas de Roda. O primeiro álbum de inéditas do Raimundos desde Kavookavala, de 2002.
O álbum Cantigas de Roda foi uma verdadeira gestação. Ao invés de correr para o estúdio lá em 2007, o grupo começou uma turnê Brasil a fora, tocando em lugares diversos para novos e velhos fãs e com isso os shows tornaram-se cada vez melhores. E a volta de uma produção roqueira de verdade foi dada por nós, fãs. A banda convocou cada um para apoiá-los no projeto de financiamento coletivo, que tornou o álbum Cantigas de Roda em uma existência real, arrecadando mais de R$ 123 mil, mais que o dobro da meta estipulada de R$ 55 mil. E quarta-feira passada nós fãs recebemos as músicas do álbum Cantigas de Roda, com produção do Billy Graziadei, vocalista do Biohazard.
Esperei uma semana para dar o meu pitaco sobre o álbum, uma das minhas músicas favoritas é a grudenta “Cera Quente”, letra explicitamente sexual. O espírito do Raimundos não morre nas músicas “Baculejo” e “Gato da Rosinha”, música do bom e velho Zenilton. As poderosas “Importada do Interior” e “Gordelícia” são as minhas apostas para fazerem sucesso nas rádios. O espírito hardcore do Raimundos está em “Cachorrinha”, “BOP”, “Rafael” e “Descendo na Banguela”. A pancadaria come solta em “Nó Suíno” (ou seria Nosso Hino?) com excelentes solos de guitarra e sons de instrumentos de dentista, uma referência à profissão do Caio, citado no refrão: “Vacilou, os dente voa, mas o Caio bota a cola”. Outra favorita minha é a excelente “Dubmundos”, um reggae com a participação de Sen Dog, do Cypress Hill, arranjo de metais, solo de saxofone e letra positiva. Sem esquecer a música de protesto “Politics”, lançada antes do álbum na época das manifestações que tomaram conta do Brasil em junho do ano passado.
O álbum Cantigas de Roda me surpreendeu e superou todas as expectativas de um fã fiel, é o sopro de esperança do rock nacional. Afinal, isso é Raimundos, caralho! Muito respeito!