quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Gregório de Matos, curto e objetivo sobre o BBB

O escritor Gregório de Matos disse sobre o baixo nível da TV brasileira. Ele escreveu uma nota nas páginas amarelas da Isto É, vale a pena ser lido:



Tristes Trópicos – por Gregório de Matos


É sabido que desde a morte do grande apresentador e empresário de TV Flávio Cavalcante em 1978 a TV brasileira vem de mal a pior. Que meus amigos do meio não me entendam mal; tal qual os surrados soldados americanos sofrendo nas mãos dos chineses no clássico filme sobre o Vietnã “Ponte do Rio Kwai”, os profissionais tentam fazer o melhor, mas quando a própria direção orienta que o trabalho seja sujo, nada mais pode ser feito.
Esse programa, esse Big Brother de nada lembra a sociedade descrita por Aldus Huxley em seu romance homônimo. Estamos emburrecidos enquanto povo e os “brothers” só espelham isso, mas um espelho é muito mais do que algo que reflete. Um espelho também inspira. E me deprime o que esse Big Brother inspira, acreditem.
Claro, não vivemos mais o tempo bárbaro onde autores radicais como Balzac e Oscar Wilde pregavam fogueira para homossexuais, mas a depravação nesse programa está descabida. Depravação essa exacerbada pelo álcool, “maior inimigo do Homem”, nas palavras do grande cordelista Jessé Gomes da Silva Filho, meu fiel companheiro de discussões filosóficas no Calabouço, popular ponto de encontro na USP dos Anos 70.
É preciso controle, é preciso moderação. Mostrar os brasileiros como eles são não ajuda na formação do caráter de nosso povo. Temos que nos ver como fingimos ser, não como realmente somos. Quem vai fantasiado de espelho nunca é convidado para o próximo baile de máscaras. Ou nos conscientizamos disso ou continuaremos a não ser, nas palavras do General Geisel, um país sério.
G. de Matos, Curitiba, Jan/2011

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