quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sorvetes regionais ampliam presença no Brasil


Buriti, taperebá, cajá-manga ou algodão-doce. Frutas exóticas e sabores diferenciados estão encantando novos consumidores de sorvete. As marcas regionais, em geral com estruturas familiar e preços mais convidativos, ganham a cada dia mais espaço em seu território de origem e também abocanham parte do mercado das gigantes multinacionais. “Há tempos que percebemos crescimento de várias empresas regionais e ultimamente o aumento, em termos percentuais, é maior no Nordeste. Essas marcas estão ampliando seu share no mercado”, destaca o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Sorvete (Abis), Eduardo Weisberg.

Além disso, as regionais também começam a olhar para o mercado internacional. É o caso da Frutos do Brasil, que até junho era conhecida como Frutos do Cerrado. A empresa, que nasceu há 14 anos, em Goiânia, já tem 103 lojas franqueadas espalhadas por cinco Estados brasileiros: Goiás, Bahia, São Paulo, Tocantins e Minas Gerais. O próximo passo é conquistar o paladar dos estrangeiros. “No início de 2011, temos planos de exportar para os Estados Unidos e alguns países da Europa. Estamos em negociação também com o Japão”, comemora Renato Seragi, gerente de marketing da Frutos do Brasil.

Com três fábricas — em Goiânia, Uberlândia (MG), e Limeira(SP) — e produção diária de 70 mil picolés, a empresa deve abrir mais 20 franquias até o final do ano para divulgar os 56 sabores diferentes. O carro-chefe é cajá-manga, que em Goiânia é consumido com sal (!). A novidade é o picolé de seriguela. Para ampliar os negócios, a companhia investe em novas embalagens, no layout dos pontos de venda e em ações na internet. Em Goiânia, lançaram a campanha “Frutos do cerrado agora é Frutos do Brasil”, criada pela agência Branding Brasil. Segundo Seragi, a alteração foi feita para atender melhor aos mercados regionais, que, segundo ele, têm preconceito entre produtos de uma região para outra. “Existe o regionalismo e hoje nós representamos não só o cerrado, mas todo o Brasil”, enfatiza.

Do interior de São Paulo, outra marca ganha destaque no mercado. A Sorvetes Jundiá, que começou a produção artesanal há 34 anos na cidade de Jundiaí, cresceu e já é a mais consumida no interior paulista com a linha Impulso (picolés e copos), de acordo com dados da Nielsen. Terceira colocada no ranking nacional nos potes de dois litros, atrás de Kibon e Nestlé, a marca está presente em mais de 18 mil PDVs do interior e litoral paulistas, além de Rio de Janeiro e Minas Gerais. No final do ano passado, ela fez parceria com o empresário José Carlos Semenzato na criação da franqueadora Casa do Sorvete Jundiá. “Já são mais de 40 lojas negociadas e em fase de implantação”, conta Thaine Cal, gerente de marketing da Sorvetes Jundiá, marca que espera crescer entre 10% e 15% em relação ao ano passado, apostando em produtos como o Mais Copão, o Brigolé e o picolé de algodão-doce da Turma da Mônica.

Tapioca no palito


A primeira sorveteria, no centro da cidade, já virou ponto turístico de Belém. Impossível visitar a capital paraense sem provar um dos 60 sabores de massa ou 20 opções de picolé da Cairu, que tem 15 lojas no Estado do Pará — 12 só na capital. Há 47 anos, a marca conquista consumidores locais e turistas, principalmente com o sorvete de tapioca, e já ampliou os negócios para as cidades de Manaus, Brasília, Rio de Janeiro, Macaé (RJ), São Paulo e Santos (SP). A produção na fábrica de Belém — a outra unidade é no Rio — é de 1,5 tonelada de sorvete por dia. “Não fazemos propaganda. É tudo no boca a boca”, conta Rute Laium dos Santos, uma das proprietárias e filha dos fundadores da marca.

Familiar e rentável, artesanal e tecnológica também é a marca Rochinha, original de São Sebastião, litoral norte de São Paulo. Consumida inicialmente pelos surfistas e fãs do estilo natural dos picolés, a empresa (que completa 30 anos em 2011) já produz, na alta temporada, 60 mil sorvetes por dia. “Subimos a serra para São Paulo em 2000”, diz Juliana Lopes, gerente de marketing e filha do fundador da marca José Lopes. Desde então, já são 400 pontos de venda na capital paulista e 700 em todo Estado.

De olho na expansão, o próximo passo é concluir, até início do próximo ano, a construção da nova fábrica em São José dos Campos (SP), que vai aumentar em sete vezes a produção atual. “Vamos vender no Rio de Janeiro, Brasília e Florianópolis. Estamos investindo R$ 8 milhões em cinco anos”, comenta Juliana. Além dos carros–chefe — coco branco, milho e banana — para o próximo verão a marca aposta nos lançamentos jabuticaba e doce de leite. Em termos visuais, a agência Emigê criou embalagens novas e mexeu no logo da empresa, criando um selo de qualidade. Para o presidente da Abis, alguns fatores explicam o sucesso e a expansão das marcas regionais. “Além dos produtos, sabores e preço, há a localização e a adequação dos produtos para cada região”, explica Eduardo Weisberg.


Via m&m

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