terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Aaaaaahhh, os trinta anos...


Dizem que quando se chega aos trinta anos você se torna um balzaquiano. Esse é um termo forte e “balzaquiano” é uma adaptação inconveniente de balzaquiana, termo cunhado exclusivamente para o sexo feminino a partir do sobrenome de Honoré de Balzac (imagem), autor de “A Mulher de Trinta Anos”. Mais do que forte, nós balzaquianos talvez sejamos um pouco sem vergonha também.

Ser desavergonhado para alguns trintões é ficar com menos cabelo, para outros é ficar com mais barriga diante das recordações ainda próxima da realidade de vinte e poucos anos, mas tem também aqueles homens de trinta que melhoram com a passagem dos anos. Um trintão de verdade jamais tentará ser tão jovem quanto aos vinte, melhor deixar isso quando a gente completar os quarenta.
Aos trinta e poucos anos a gente não se lembra bem do Paolo Rossi, mas têm arquivado na memória a Copa de 94 e a de 2002. Os mais velhos têm bastante lembrança ruim, talvez a melhor lembrança seja a Copa de 82. O nossa conversa com os mais jovens é bem melhor: “Fenômeno era o baixinho. O Romário era mais craque que o Ronaldo!”, “Cafu? Que nada! Lateral tem que cruzar que nem o Jorginho.”
Se a meta é paquerar uma vintona intelectual a coisa melhora. Um trintão consegue explicar o que era cruzeiro, cruzado novo e fantasiar o papo dizendo que lembra o que veio primeiro sem parecer um indivíduo ridículo diante da moça. O papo pode ficar acalorado se a meta é ganhar uma moça da mesma idade. Corre o perigo dela ficar pasma de você não se lembrar quando caiu o Muro de Berlim ou qual foi o melhor show do Rock in Rio 85. Não vale usar o Google, hein?!
Aaaaaahhh, os trinta anos... Rock in Rio, Diretas Já, AIDS (levou um monte de gente boa), rock, funk, pagode, axé... Alguns homens de trinta anos nunca irão admitir, mas sabe muito bem o que era a lambada também, uma boa parte até dançou! Isso sem dúvida era ser forte e um pouco desavergonhado.
Os trintões possuem menos sabedoria que aqueles vaidosos de quarenta que acham que a nossa vida ainda não começou, mas temos um pouco mais de audácia. Temos menos energia que esses garotos de vinte, que mal saíram das fraldas, mas ganhamos na paciência. Não, espera... Ah, o que importa é que ainda sopraremos muitas velas.

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