sexta-feira, 22 de outubro de 2010

MITO CHICO

Nesta última quarta-feira eu compareci ao Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília, fui reverenciar o grande nome do humor nacional, Chico Anysio. Ele estava ali para ser homenageado no último encontro do ano do projeto Mitos do teatro brasileiro. O comediante, nascido em Maraguape (CE), fez uma espécie de retrospectiva da carreira, de quase 50 anos, em que contabiliza 11 mil shows vários programas de TV e 209 personagens. E também foi lembrado com cenas interpretadas por um ator que encenou o aposentado Pantaleão, sentado em sua famosa cadeira de balanço, o "símbalo sexual" Alberto Roberto e o "heterossexual" Haroldo. E tudo observado atentamente pelo próprio Chico Anysio, que estava sentado no centro do palco do CCBB, que dava os seus palpites. Ele disse que quando foi convidado para vir, tinha entrado em um grande time que tinha Dulcina de Moraes, Dercy Gonçalves, Procópio Ferreira, Nelson Rodrigues e Cacilda Becker, os quais estão todos mortos. E indagou que para ser homenageado, será que teria que se suicidar? Pois é o único deles ainda vivo. E eu diria que, mais vivo do que nunca! Chico interagiu o tempo todo com a plateia. 
É impressionante a sua capacidade de improvisação. "O que vocês querem saber de mim? Qual é o meu time? Sou Brasiliense, adoro a Boca do Jacaré", brincou. Criticou os tempos da censura no país, alfinetou políticos, "como é o nome desse que está aí no governo mesmo?" referindo-se o presidente Lula. E o auditório do CCBB sempre ia abaixo entre palmas e gargalhadas. Revelou como era o processo de criação de seus personagens. Afirmou que seu personagem preferido, entre os 209 personagens, é o professor Raimundo, dizendo que ele é o mais respeitado pelos outros 208 personagens criados por ele. Pois, por intermédio dele fez o seu primeiro sucesso no rádio e ele ainda servia de escada para os futuros grandes nomes do humor, como Costinha e Tom Cavalcanti.
Também foram exibidos trechos de documentários e programas antigos do próprio Chico, comprovando que o humor do artista é atemporal. Ao fim do espetáculo brindou-nos com um esquete ao lado do filho André (P-U-L-I-Ç-A, puliça, otoridade).
Mesmo com quase 80 anos ele ainda é o mestre, surpreendente a capacidade de improvisação do mito Chico Anysio. E eu não duvido de uma frase que ele disse:
"Certa vez, eu disse ao Romário que ele estava enganado. Quando eu nasci, Deus disse foi pra mim: esse é o cara."

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