segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Origem (Inception)


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A Origem é um filme memorável, a fotografia, efeitos especiais, a direção e o roteiro. Ah, o roteiro... Bem complexo. Suspense, drama e ação, filmes dentro de filmes e atores excelentes.
O filme conta a história de Dom Cobb (DiCaprio), um extrator, pessoa capaz de penetrar em sonhos alheios e manipular as pessoas, assim como parte da realidade dentro deles, e, dessa forma, roubar seus segredos enquanto dormem. 
Cobb, impedido de utilizar seus dons de forma legal, vive de realizar espionagem industrial roubando segredos de sonhos de executivos com a ajuda de seu time. Afastado de seus filhos por não poder voltar aos EUA ele recebe uma proposta que não consegue negar: realizar um último trabalho que parece impossível e assim receber como prêmio a realização de seu maior sonho. Logo ele reúne uma equipe improvável que vai enfrentar o maior desafio de suas vidas.
O melhor do roteiro são as "camadas". O subconsciente das pessoas é composto por camadas e o extrator pode mergulhar cada vez mais fundo, indo de camada em camada, simplesmente gerando um sonho dentro do outro. Colocando você pra sonhar dentro de seu sonho ele não só enganaria uma mente preparada para ser invadida, como facilitaria o acesso a segredos ainda mais profundos. 
Em cada "camada" dessa, o tempo passa mais rápido. Algo como 5 minutos na realidade significam 1 hora dentro de um sonho. E assim por diante. Logo 5 minutos dentro de um sonho de quem já sonha significaria mais uma hora. Esse efeito é cascata e significa que minutos e horas significam semanas, e semanas dentro do sonho siginificam anos dentro de uma "camada" mais profunda. E para mostrar isso, o slow motion caiu como uma luva.
Isso já foi explorado em Matrix, mas nunca dessa forma. Mergulhar no subconsciente de um sonhador exige uma série de preparativos. Alguém precisa construir as coisas no sonho e não precisa se ater as leis da física, você pode sonhar no sonho de alguém mas precisa haver um âncora, alguém para lhe trazer de volta, e esse alguém deve ser o sonhador.
Muito complexo, mas quando devidamente apresentado se torna simples. Méritos para Nolan (diretor).


Tentando explicar "A Origem" (se você não viu, não continue lendo).


A cada mergulho em um sonho conjunto é preciso que haja um sonhador, aquele que não vai mergulhar na próxima "camada" e cujo subconsciente vai preencher o espaço vazios.
No primeiro mergulho questionam Yusuf o porque dele não ter feito xixi antes de sonhar, o que justificaria o sonho “molhado”. Yusuf não mergulha para "camada" inferior. Ele continua na van, responsável pelos demais.
No próximo mergulho o sonhador é Arthur e ele deixa isso claro segundos antes de roubar o beijo de Ariadne quando diz a ela que o perigo de Cobb alertar Fisher sobre o fato dele estar sonhando é alertar o “subconsciente” de que havia alguém manipulando o sonho e que viriam atrás dele. Ele também não mergulha para a próxima "camada".
Na última "camada” Eames é o sonhador. Ele não pode mergulhar no limbo para buscar Fisher e Saito.
Cobb é o mocinho e o vilão do filme. Ele é quem busca a redenção ao se juntar com seus filhos, mas em seu subconsciente ao se livrar de sua culpa, representada pela Mal, que o caça. A culpa dele não o permite sonhar e sim ter pesadelos onde a pessoa que mais ama busca alguma forma de ferí-lo para que pague pelo seu grande erro. Durante todo o filme Cobb é seu maior inimigo. Ele é o perigo para si mesmo e para seu time. Ele é o ponto de desequilíbrio.
No fim Cobb tem a vida que sempre quis. A vida de sonho dele. Ele ainda estava sonhado. Os filhos com a mesma idade, roupas e no mesmo lugar que sempre surgiram nos sonhos dele.
E ao final fica a pergunta que não quer calar: O sonho pode ser melhor que a realidade?

Um comentário:

Cida disse...

Só de lê o post já fiquei com vontade de assistir o filme de novo!!!
Você escreve muito bem!
Parabéns! continue assim.